segunda-feira, 24 de maio de 2010

O PAPEL DA INCLUSÃO DIGITAL NO PROCESSO EDUCATIVO

A inclusão digital hoje constitui-se num dos maiores temas de reflexão no mundo, visto ter se tornado uma necessidade básica a qualquer cidadão. Não é mais possível pensar em evolução, desenvolvimento, sem a participação do universo digital nas mais diversas areas do conhecimento humano. O que torna essencial que o acesso e utilização das ferramentas digitais esteja disponível a todos.
Porém antes mesmo que a inclusão digital possa ter andamento, uma outra inclusão muito mais urgente e antiga deve ser alvo de nossos esforços: a inclusão social. Sem ela não faz sentido lutar para que as pessoas tenham condições de ter um bom computador e acesso à internet, ou mesmo que estes sejam de uso comum, por meio dos programas do governo de livre acesso, se não se sabe como utilizar esses equipamentos com qualidade e mais ainda, quando nos deparamos com uma realidade na qual pessoas são praticamente analfabetas, com dificuldade de interpretar um texto em português (no caso do Brasil); o que fazer um cidadão com um computador conectado à rede de internet sem saber ler ou escrever, sem conseguir entender uma linguagem qualquer, ou ainda compreender a linguagem do mundo virtual, seus programas (a maioria em inglês)...?
Para quem teve a oportunidade de uma educação que contemplasse esses elementos acima citados, é perfeitamente aceitável pensar que as tecnologias digitais façam sentido. Mas, se considerarmos os dados estatísticos, que mostram que grande parte da população mundial não possui alfabetização, sem falar das necessidades vitais como alimentação, saúde, habitação, trabalho, que boa parcela do mundo não tem, então qual seria a importância da inclusão digital?
A meu ver, antes de qualquer tomada de decisão o ser humano necessita se conscientizar de que somos todos iguais e por isso temos os mesmos direitos e, a maior responsabilidade para que haja igualdade entre as pessoas está nas mãos de quem está com o poder, não só político, mas aqueles que detêm o conhecimento.
O papel do educador no processo de inclusão social e posteriormente inclusão digital é fundamental para que a transmissão do conhecimento seja efetiva, porém é necessária uma política pública que administre com muita seriedade e de forma equitativa todo tipo de necessidade básica do ser humano, direitos que não tem sido respeitados e por isso chegamos em pleno século XXI com tanta gente carente de tudo.
Além disso, o que vemos por todo lado são muitas pessoas, principalmente jovens, que utilizam a internet com grande facilidade, mas o campo de interesse não passa de entretenimento enquanto informações e formações valiosas do mundo digital ficam de lado.
Os programas de acesso à internet distribuídos em algumas regiões do país podem ser iniciativas interessantes que estimulem as pessoas a buscar conhecer coisas novas. Porém, com essa característica tão aberta, livre que se apresenta o universo digital, em que pode-se escolher o que quer ver, ler e ouvir leva muito à superficialidade e alienação com a falta de educação para a nova tecnologia.
Seria muito produtivo se a população assistida com esses programas tivessem antes educação e estímulo para que buscassem não só entretenimento, mas sim inúmeras formas de crescimento cognitivo, engajamento em grupos de estudo nas mais diversas linhas de interesse, auxílio profissional ou voltado para o desenvolvimento de habilidades e tantas outras fontes de informação que hoje a internet oferece com um alcance tão grande, inexistente em outro meio de comunicação.
Falar de inclusão digital sem um planejamento educacional para tal é promover mais exclusão, ressaltar mais diferenças e dificultar a vida de uma parcela imensa da população, privada dos benefícios que só através da educação pode-se chegar. Uma educação planejada e voltada para a formação do indivíduo como um todo, que possibilite ao indivíduo crescer física e intelectualmente, desenvolvendo sua capacidade crítica, sua autonomia, sua sensibilidade, com condições de discernir o que é bom do que é ruim para si e para os outros.
Uma educação assim é possível com a vontade política de nossos governantes, aliada a uma organização dos cidadãos que podem também intervir nas tomadas de decisão, cobrando, fazendo-se presentes nos momentos em que sua voz pode ser ouvida por eles, por uma sociedade onde haja justiça, solidariedade e igualdade, capacitando todos para uma inclusão social e digital.

Um comentário:

  1. Olá, Rita!

    Gostei muito da forma como abordou este assunto. A inclusão digital está intimamente relacionada com a inclusão social, sendo uma etapa mais avançada da inclusão social.

    E parabéns pelo blog, informativo e muito bem ilustrado.

    Abraços!
    Luana

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